“Eu vou mostrar pra vocês
Como se dança o baião
E quem quiser aprender
É favor prestar atenção” Baião (L. Gonzaga e H. Teixeira)
O objetivo desta publicação é apontar algumas referências importantes na constituição do gênero musical Baião, alguns dos principais compositores e instrumentistas. Para quem se interessar em saber mais, indico no final da publicação alguns álbuns musicais que podem ser encontrados livremente na internet. Espero que o texto possa servir como guia inicial de pesquisa sobre o Baião.
Em outras oportunidades publicarei também algo sobre: xaxado, embolada e cirandas. Manifestações que também fazem parte do universo artístico nordestino e que, assim como Baião, mesclam música e dança.
A produção cultural do Nordeste Brasileiro sempre foi muito rica e diversificada. É inegável a importância da obra de Ariano Suassuna, Jackson do Pandeiro, Carmélia Alves, Patativa do Assaré, Lampião, João Cabral de Melo Neto para a arte e cultura Brasileira. Além disso, temos o artesanato em renda, os cordéis, trabalhos em cerâmica, couro, e outros elementos produzidos a partir dos recursos naturais desta localidade.
O Baião
Câmara Cascudo em Dicionário do folclore Brasileiro diz que o Baião é “uma dança popular muito preferida durante o século XIX. A partir de 1946 o grande sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga divulgou pelas estações de rádio do Rio de Janeiro o baião, modificando-o com a inconsciente influência local dos sambas e das congas cubanas.” O baião conserva células rítmicas e melódicas do Côco e apresenta unidade rítmica binária.
É possível experimentar o baião nas festas populares e forrós pé-de-serra das cidades nordestinas. O gênero Baião está presente na música de compositores como Luiz Gonzaga, Sivuca e Dominguinhos. Por meio de suas canções, os compositores colaboraram para a divulgação dos costumes e das paisagens nordestinas em outras regiões do Brasil.
A sonoridade do Baião foi sendo construída ao longo dos anos 40. De Baiano para Bailar, de Bailar para Baiar, e chegamos então no Baião. Os historiadores são unânimes em reconhecer que a popularização da seção musical do Baião ganhou força a partir das composições de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Outras influências também foram fundamentais para estabelecer a estética musical do Baião. Cascudo fala sobre a influência do samba, dos boleros (muito comuns na década de 30 e 40) e da musica latina de forma geral. O Baião incorpora elementos africanos, em especial o Lundu na sua dança e música.

Em O Grande livro do Folclore, Carlos Felipe diz que “o baião teve em Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Humberto Teixeira seus grandes divulgadores, a partir da década de 40, quando o ritmo alcançou sucesso nacional. Em sua origem, o ritmo, cujo nome vem de bailar, tem alguns passos marcantes, como o balanceio, o passo de calcanhar, o passo de joelhos e o rodopio, seus instrumentos mais comuns são o agogô, o triângulo, a zabumba, o xiquexique e a sanfona.”
É importante citar a cantora Carmélia Alves, conhecida como Rainha do Baião. A cantora fez parte dos musicais de rádio da década de 50 e, mais tarde, integrou o grupo “Cantoras do Rádio”. Carmélia faleceu em 2012 com 89 anos.
O Baião na produção atual:
O Baião ainda é um gênero bastante empregado na música popular contemporânea. Para encontrar outras referências, sugiro que busque por grupos como Cordel do fogo encantado, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Chico Science, Otto e Lenine são outras ótimas referências.
Discos para ouvir online:
Lenine e Marcos Suzano – Olho de Peixe [[LINK]]
Otto – Sem Gravidade [[LINK]]
Nação-Zumbi: Fome de tudo [[LINK]]
Instrumentos típicos do Baião:
É bastante comum que os grupos de forró sejam formados a partir do trio de instrumentos: zabumba triângulo e Sanfona. Optei por incluir ainda o agogô na descrição instrumental típica pela frequência em que este instrumento aparece no material consultado. Utilizei como fonte bibliográfica o Dicionário de Percussão de Mário D. Frungillo.
ZABUMBA: nome dado a um tambor de 2 peles com aproximadamente 22 polegadas de diâmetro. O casco é construído geralmente em madeira. O instrumento é sustentado com um talabarte (tira) no pescoço do instrumentista, ficando inclinado. É tocado com uma baqueta de madeira na mão direita e um outro tipo de baqueta (chamada de bacalhau, açoite, maracá) na mão esquerda, tocando os contra-tempos.
TRIÂNGULO: barra cilíndrica de metal, dobrada em 2 pontos convergentes até que uma extremidade se encoste na outra, tomando a forma de um triângulo equilátero. A característica sonora do instrumento é de som metálico, agudo e de longa duração. As medidas mais comuns são entre 6 e 8 polegadas.
AGOGÔ: par de campanas de metal unidas por uma haste curvada na forma da letra “u” (ou “v”). Tocadas com baqueta de madeira ou metal. Mais modernamente é possível encontrar agogôs com 3 campanas. Tem origem africana, porém é muito difundido na música Brasileira.
SANFONA: instrumento também conhecido como gaita ou acordeon. É construído sobre um fole e composto de duas caixas harmônicas de madeira nas extremidades.
No exemplo a seguir apresento o ritmo do Baião no Cajon. No vídeo utilizei a sequência de mãos do rudimento chamado Paradiddle para criar a base de Baião.
Para baixar:
Partitura da música Baião – Luiz Gonzaga : Link
Partitura das linhas rítmicas do Baião (percussão): Link
Fontes:
DA CÂMARA CASCUDO, Luís. Dicionário do folclore brasileiro. Ministério da Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, 1954.
HORTA, Carlos Felipe de Melo Marques. O Grande livro do Folclore. Belo Horizonte. Editora Leitura, 2004.
Abço
Oi Marcelo como pedagoga musicista e educadora musical adoro o seu trabalho muito obrigado por enviar as suas novidades no meu e-mail um grande abraço.
Obrigado Céu Carvalho. Muito bom contar com sua leitura. Um grande abraço e sucesso!